terça-feira, 7 de abril de 2009

O Mar de Areia


O Mar de Aral, situado entre o Cazaquistão e Uzbequistão, foi já considerado o 4º maior lago do Mundo, mas hoje em dia, dizem os especialistas, deixou de existir como unidade geográfica.

Em 40 anos, este lago foi reduzido a um terço do seu tamanho devido a um plano de regadio para 7,5 milhões de hectares de plantações de algodão, desenvolvido pela antiga URSS.



Como consequência, a sua área diminuiu em 60% e o seu volume em 80%, a salinidade triplicou e a área que antes era uma paisagem azul é agora um deserto, constituído por areia, sal e barcos pesqueiros encalhados e enferrujados.




Para além da óbvia destruição de uma parte da Natureza, perdeu-se também a actividade pesqueira, da qual dependiam 60 mil pessoas (!) e a mudança radical do ecossistema provocou na população residente doenças congénitas, cancro, malformações e um aumento da mortalidade infantil.

Nunca antes tinha havido um processo tão visível de degradação da natureza causado pela acção humana e agora, este tema é discutido pela ONU nas suas conferências internacionais, nas quais já não falam em dar nova vida ao mar, pois seria preciso um milagre.

LPCC – Liga Portuguesa Contra o Cancro



A Liga Portuguesa Contra o Cancro conta hoje em dia com 1500 voluntários a nível nacional e, no dia 30 do mês de Março, mais 60 voluntários acabaram a sua formação no IPO do Porto. Os voluntários são cada vez mais importantes e ajudam em áreas tão variadas como o acolhimento ao doente, os cuidados paliativos ou a ajuda nas refeições.

É de vangloriar o trabalho da Liga (que procura ajudar e acompanhar os doentes de cancro) e dos seus voluntários, sem os quais o trabalho do LPCC não seria o mesmo.

O cancro é hoje em dia uma das mais devastadoras doenças do século XXI, afectando milhares de pessoas em todo o mundo, independentemente do seu sexo, raça e credo, indiferente ao estatuto e bens que se possa ter. Surge nas mais variadas formas, afectando não só o doente mas quem lhe está próximo, de uma forma muito mais abrangente do que se possa imaginar.

Tendo convivido de perto com alguns casos de cancro, deixo aqui as minhas palavras de apoio a quem dele padece, e as minhas palavras de apreço pelas pessoas que hoje abdicam do seu tempo (algo muito precioso hoje em dia) para apoiarem uma causa em que acreditam: a luta contra o cancro; uma luta feita de solidariedade e altruísmo, de amor à vida e amor ao próximo, quando à partida nem sequer sabem de quem se trata.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O Papão



Acabou hoje a visita do Papa Bento XVI a África, marcada por grandes polémicas.


O Sumo Pontífice é sumário nas suas ideologias: os preservativos agravam a Sida. Penso que ele deve ter tido conhecimento desta novidade científica aquando de algum encontro com um xamã de uma tribo africana ou em algum sonho com a Maria Madalena (essa devassa conhecedora dos prazeres carnais terrestres).


Deste modo, a receita prescrita por este sábio do século XXI, é a abstinência sexual.....

Como é que, em 60 milhões de pessoas neste nosso pequeno Planeta Azul, ningúem se havia já lembrado desta solução??

Porquê recorrer àquele pedacinho de látex com um cheiro e liquído de carácter duvidoso, que muitas vezes atrapalha e frustra os praticantes do desporto sexual, quando se pode simplesmente NÃO praticar tão deliciosa actividade?


Se bem me lembro do que aprendi em Diácono Remédios, o coito apenas deve ser praticado em prol da reprodução. Ora, o Celestial Papão não pode querer sugerir que devemos deixar de popular o Mundo e assim não pôr em prática a vontade de Deus pois não?


Também referiu que para diminuir os diabetes a obesidade, outros dos flagelos da sociedade, devemos abster-nos de comer qualquer alimento rico em lípidos e glícidos e basear a alimentação em vários tipos de pão, acompanhado com água al cano rica em cloro.


Num continente onde residem dois terços dos infectados com Sida do mundo, um continente marcado pela fome, guerra e corrupção, este tipo de declarações de alguém que tem o poder (não merecido) de chegar às consciências de milhares de pessoas que nele acreditam, não o faz de modo a ajudar à situação!


Há muitos anos que várias organizações humanitárias tentam educar este povo, para que a SIDA deixe de se multiplicar devido à ignorância, e sua Santa Sapiência veio deitar todo esse trabalho por terra!


Se fosse católica as minhas orações iriam certamente para a Humanidade que é afectada pela crença nos padres deste mundo.


Amén

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Monstro da Ironia

A vida quando é irónica nem sempre tem piada.

No Dia do Pai (ontem), foi condenado a prisão perpétua o que poderia ser considerado um dos piores pais do mundo: Josef Fritzl. Como muitos sabem, este pai sequestrou a sua própria filha prendendo-a numa cave sem ver a luz do dia por 24 anos, violando-a repetidamente e tendo com a mesma 7 filhos, um dos quais morreu em cativeiro.





Chega agora ao fim um dos casos mais chocantes e mediáticos de 2008, precisamente no Dia do Pai. Enquanto que se oferecem prendas e mensagens de apreço aos nossos pais, somos discretamente lembrados pela ironia da vida que nem todos podem ser chamados de pais; nem todos merecem este título honrado apenas por passarem os seus genes a outras gerações.

Não devemos esquecer que existem pais que esquecem os filhos nos carros, que violam, maltratam física e psicologicamente os seus filhos e, tendo isto em mente, devemos sempre sorrir aos nossos pais, lembrando-os do apreço, carinho e amor que sentimos por eles, lembrando-os que merecem ser chamados PAIS!


Ao meu pai, a quem vou sempre sorrir

quinta-feira, 19 de março de 2009

A todos os PAIS do mundo!!!!


Simplesmente genial!!!
Durex forever!
MWAHAHAHAH!

Crime sem Castigo

Foi condenado a 25 anos de prisão José Encarnação, de Faro, pela morte do seu ex-cunhado, Joaquim Pires. Este homem já havia morto a sua filha de 2 anos e meio em 1987, estrangulando-a até à morte com um fio eléctrico, tendo sido condenado a 18 anos de prisão, acabando por cumprir apenas 8 de cárcere por bom comportamento. Este crime hediondo foi perpetrado de forma premeditada pois pediu à sua ex-companheira para ficar a tarde com a sua filha. Após o assassinato, deixou a criança e foi passear calmamente, avisando a mãe da criança que esta se encontrava a dormir. A criança foi encontrada ainda com o fio no pescoço, ao lado do livro de Truman Capote, "In Cold Blood". Segundo o assassino, foi um acto de amor, pelo facto de ter sido abandonado pela sua companheira.
Não obstante, saiu da prisão sem ter cumprido o tempo e, em 2006, agrediu o ex-cunhado com um ferro, pondo em risco a sua vida, tendo sido apenas condenado a pagar uma coima de 500 euros. Mais uma vez, o juízo da justiça não foi o mais correcto, pois no mesmo ano agrediu um vizinho com uma faca, atingindo-o no pulmão, sem motivo aparente. Em 2007 acabou por matar Joaquim Pires.

Em situações destas, somos levados a questionar as acções da justiça e da polícia neste tipo de casos. Um homem já marcado pelo homicídio, considerado por todos como um psicopata perigoso, sai mais cedo da prisão e, qiando volta a agredir, o máximo que lhe acontece é o pagamento de uma multa.
O resultado é a morte de outra pessoa inocente.

O mesmo acontece com as vítimas de violência doméstica (na sua maioria mulheres) que, quando apresentam queixa, o máximo que pode acontecer ao agressor é a prisão preventiva durante uma noite, sendo depois libertado para voltar a agredir a seu bel-prazer e, em muitos casos, para matar.
Caso seja apanhado em flagrante na agressão, não é colocado em prisão preventiva, pois esta é apenas aplicada quando a pena máxima de um crime é superior a 5 anos, o que não é o caso do crime da violência doméstica.
Assim sendo, muitas mulheres são obrigadas a fugir de casa, muitas vezes apenas com a roupa que trazem no corpo e, inflelizmente, algumas vezes sem os seus filhos; para que possam fugir às tormentas de uma relação disfuncional e, essencialmente, em nome da sobrevivência.

Em outros casos, muitas não aguentam a pressão e, julgando-se sem opção, matam os seus agressores em legítima defesa, sendo depois condenadas por um crime que poderia ter sido evitado se tivessem sido devidamente protegidas pela lei portuguesa.

Existem ainda os casos de burla, fuga ao fisco, abuso de poder, pagamento e recebimento de "luvas" para que as bocas sejam seladas e para que alguns papéis e leis sejam esquecidos ou "atropelados", em nome dos interesses económicos pessoais. Nestes casos o mais provável é que se saia impune.

A impunidade nos crimes em Portugal não é assunto novo, mas poderia passar à história caso os legisladores do nosso país se deixassem de "brincar às novas leis" começassem a colmatar as falhas nas já existentes, tendo em conta a REALIDADE, para que os crimes não passem sem castigo.

domingo, 30 de novembro de 2008

May I feel said he


may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she


(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she


(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)


may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she


may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she


but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she


(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she


(cccome? said he
ummm said she)
you're divine! said he
(you are Mine said she)

E. E. Cummings
~
Um diálogo, entre um homem e uma mulher, onde pouco é dito, mas é tudo entendido. Imagino um olhar, um toque, um jogo de corpos e vontades entre os protagonistas. Sim, os corpos. Mas e os sentimentos?
"Is it love?" - se quiseres, responde ele... Se quiseres, o que quiseres, direi o que quiseres, para te ter.
"You're divine" - "You are mine" -> A ironia das palavras ditas por cada um, que em nada coincidem, pois um procura o corpo e o outro, a alma.
Será mais uma história entre um homem e a mulher? Uma óbvia síntese das diferenças dos sexos, onde sobressai o chauvinismo masculino e o sentimentalismo feminino?
Seja o que for, é um poema divertido, quase uma piada, escrita de modo simplista!
E, conhecendo algumas das obras de E.E. Cummings, posso dizer que se trata apenas de um relato de um caso entre duas pessoas, um banal acontecimento da vida, escrito entre os leais parêntises que costumam acompanhar os seus poemas, como se de um sussurro se tratasse, um suspiro, algo que afinal, não deve ser dito, nem ouvido.

sábado, 29 de novembro de 2008

Leftovers

Receio, meu amor
que quando me procurares,
não me encontrarás.
Quando acordares da tua singela vida,
não estarei à tua espera.
Serei o vazio do teu abraço sem dono
A doce amargura da saudade nos teus lábios
O calor no teu corpo, sem perfume,
que te envolve na tua solidão
A cruel existência nas tuas memórias.
Vais desejar que tivesses morrido,
meu amor,
no dia em que parti.

A toi, Mon Amour

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

After a While

After a while you learn the subtle difference
Between holding a hand and chaining a soul,

And you learn that love doesn't mean leaning
And company doesn't mean security,

And you begin to learn that kisses aren't contracts
And presents aren't promises

And you begin to accept your defeats
With your head up and your eyes open,
With the grace of a woman,
Not the grief of a child

And you learn to build all your roads on today,
Because tomorrow's ground is too uncertain
for plansand futures have a way of falling down in mid-flight.

After awhile you learn that even sunshine
Burns if you get too much

So you plant your own garden and decorate your own soul,
Instead of waiting for someone to bring you flowers

And you learn that you really can endure...
That you really are strong
And you really do have worth,
and you learn and learn...
With every good bye you learn.
~
Veronica Shoffstall (1971)
~
Soube deste poema a partir de um texto ao qual foi dada a autoria a William Shakespeare, por razões qu desconheço. No entanto, após alguma pesquisa, descobri que se trata de um poema escrito por Veronica Shoffstall.
Na verdade, foi com tristeza e revolta que descobri que o texto nao era deste grande pensador e que ao poema original haviam sido acrescentadas muitas mais palavras! Não deixo de considerar o texto adulterado bonito, mas considero uma falta de respeito pelo trabalho original dos artistas.
Deixo aqui também uma parte do texto adulterado, para que o possam apreciar, mas também perceber o que quero dizer...



"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas (…)
E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida (…)
Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos (…)
Aprendes que paciência requer muita prática (…)
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de seres cruel.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes tens de aprender a perdoar-te a ti mesmo.
Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa m quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.
E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores. E percebes que realmente podes suportar… que realmente és forte, e que podes ir mais longe depois de pensares que não podes mais.
E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! (…)"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Unknown

Gosto muito de poemas, por isso tive alguma dificuldade em escolher o primeiro a ser colocado neste blog. Um poema de amor? Sobre as questões da existência? Acho que vou começar por um poema de amor, causador de tantas questões existênciais...

Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
e quando nos meus olhos demoraste
a luz dos teus senti a luz da vida

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
lá fora da luz do sol já combalida
era um sorriso aberto num contraste
com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
no infinito e pálido vaivém
dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
um grande amor só se avalia bem
depois de se perder.

António Botto