domingo, 30 de novembro de 2008

May I feel said he


may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she


(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she


(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)


may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she


may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she


but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she


(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she


(cccome? said he
ummm said she)
you're divine! said he
(you are Mine said she)

E. E. Cummings
~
Um diálogo, entre um homem e uma mulher, onde pouco é dito, mas é tudo entendido. Imagino um olhar, um toque, um jogo de corpos e vontades entre os protagonistas. Sim, os corpos. Mas e os sentimentos?
"Is it love?" - se quiseres, responde ele... Se quiseres, o que quiseres, direi o que quiseres, para te ter.
"You're divine" - "You are mine" -> A ironia das palavras ditas por cada um, que em nada coincidem, pois um procura o corpo e o outro, a alma.
Será mais uma história entre um homem e a mulher? Uma óbvia síntese das diferenças dos sexos, onde sobressai o chauvinismo masculino e o sentimentalismo feminino?
Seja o que for, é um poema divertido, quase uma piada, escrita de modo simplista!
E, conhecendo algumas das obras de E.E. Cummings, posso dizer que se trata apenas de um relato de um caso entre duas pessoas, um banal acontecimento da vida, escrito entre os leais parêntises que costumam acompanhar os seus poemas, como se de um sussurro se tratasse, um suspiro, algo que afinal, não deve ser dito, nem ouvido.

1 comentário:

  1. Gostei mais da segunda leitura, quando ignorei os (said he/she). Lendo tudo parece bastante chato, ao ignorar essas partes adquire outro ritmo. Gosto muito da tua análise, especialmente da expressão "chauvinismo masculino".. {ironia}

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